Milk: A voz da Igualdade (Milk, EUA, 2008)

O trabalho de reconstituição da vida do ativista gay Harvey Milk feito por Gus Van Sant é minucioso e dedicado. Encontramos gravações reais da época inseridas no filme, o que o aproxima do documentário sem no entanto eliminar o espaço para criação artística. Mesmo que apresentado numa linguagem cinematográfica mais linear e palatável ao grande público que em seus outros filmes, mais experimentais, ainda encontramos os espaços e silêncios a serem preenchidos pelo espectador. Principalmente quando o filme investiga os momentos mais íntimos da vida de Milk e dá material para especularmos sobre suas motivações, contradições e limitações: Pean e Van Sant entregam-nos um herói humano, bem longe da idealização mas, por isso mesmo, admirável e inspirador.

Não apenas Sean Pean, com seu merecido Oscar de ator pelo filme, mas quase todo elenco traz atuações dignas. A exceção fica por conta de Diego Luna, pouco a vontade com um personagem que oferecia várias oportunidades interpretação. James Franco,  com um papel menos expressivo, faz uma atuação bem mais consistente e significativa. Josh Brolin é outro mérito do filme, dando ao seu Dan White nuances e complexidade para que este permaneça um mistério a ser levado pelo espectador após a sessão. Emile Hirsch, está de fato adorável (como Harvey descreve Cleve Jones,  seu papel no filme) ao mostrar talento em diversas cenas, desde o diálogo em seu primeiro encontro com Harvey Milk nas ruas de San Francisco.

É curioso que a maior oposição à Milk no campo do ativismo político não tenha ganho uma atriz, mas apenas em imagens da verdadeira Anita Bryant através de suas declarações em vídeo. Pode-se imaginar que a razão seja  que enfrentamento dos dois aconteceu por vias  indiretas, na arena política, mas acredito que há outras razões para esta escolha acertada: a oposição com fervor religioso que vemos no filme só não ganharia a acusação de ser caricata se exposta através dos protagonistas históricos daqueles fatos.

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